domingo, 16 de maio de 2010

Chuva em meu coração...


Lentamente o brilho do sol foi deixando a tarde,
e a procissão de nuvens escuras atravessou o céu,
bem diante dos meus olhos tristes ...
Acompanhei os últimos vestígios dourados do horizonte,
enquanto riscos de prata surgiam silenciosos, à distância.
O dia vestia-se de cinzas, assim como eu,
traduzindo sonhos grisalhos, esperanças descoloridas,
alegrias que jamais coloriram a realidade...
Uma rajada gelada antecipou-se à chuva que,
finalmente, desabou em pingos grossos sobre a rua,
lavando as calçadas, batendo nas vidraças,
enxarcando meus olhos, meus cabelos, minha alma ...
Quisera que levasse de mim essa vontade
de voltar no tempo e resgatar antigas alegrias.
A fúria dos trovões assemelha-se a dor inconformada
dos que pretenderam o inatingível,
dos que ainda se debatem na tentativa inútil de
novas possibilidades ...
Chove...
As pessoas passam apressadas,
desprotegidas, surpreendidas,
tal qual me sinto diante do tempo
que roubou da cena meus melhores momentos ...
e depois, quando me dou por vencida,
tenta reacender os sonhos impossíveis,
porque as ilusões não moram mais em mim.

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